Há em mim uma bagunça generalizada.
Não sei onde estão as coisas. Aliás, elas estão espalhadas, todas. E sem função. E sem sentido.
E aí eu sei que nem tudo deve ter um sentido, segundo Clarice, a Lispector, mas e segundo eu?
Pra mim, é preciso fazer sentido?
Se sim, então qual o sentido?
Se não, por que não abdico dessa lógica maldita que me ronda e joga charme?
Estou perdida no meio de mim mesma, no meio de toda a minha poesia, do meu desespero e da minha loucura.
Sou roda-gigante.
Sou redemoinhos, marés, incoerências.
E sou vaidade.
Descobri que sou egocêntrica, que só olho pro meu próprio umbigo e pior: acho que o mundo todo gira em torno de mim.
Se não gira, deveria girar, claro. Mas é claro. Afinal, eu sou a tal.
Essa minha empáfia me deixa absolutamente enjoada de mim.
Que mais me falta? Um altarzinho no quarto? Sim, porque as fotografias estão lá. Pencas delas.
Eu aprendi que também não sou Dalai Lama (Cá, sentiu né?) mas eu também não posso ser essa coisinha insuportavemmente vaidosa all the time.
Preciso descobrir se o que quero é por vaidade ou por desejo grande e bonito.
Eu estou farta de semideuses, neste caso, estou farta de mim.
Não consigo caber em lugar nenhum.
É isso. Um não-lugar.
"Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo".
Ei, você, não se aproxime.
Estou nociva. Não vou fazer bem.
Não se mova.